Finalmente após meses procurando, lendo e relendo sobre a pornografia bocageana eu pude apresentar meu trabalho. Trabalho em equipe, permito dizer, sim porque graças as minhas colegas, o trabalho saiu de forma decente e coerente.
A busca no iluminismo para explicar a razão, a força e o sentimento por trás de palavras tão baixas. Pudemos expor a pornografia desde o início dos tempos, com os gregos que viam o sexo como puramente sendo sexo. Afóstones e seus contos, Satirycon entre outros. Os grupos secretos de alguns séculos atrás, diga-se XVII e XVIII, como o Círculo do Fogo, que ao fim de cada reunião orgias sexuais imperavam em cada canto do recinto. Bocage, com sua desbocada poesia, que por um punhado de moedas e, quem sabe (?) cerveja, escreveu sonetos depravando a sociedade culta e a nobreza da época.
Foi bacana apresentá-lo, mais bacana ainda foi ver os rostos dos colegas com risinhos tímidos ao ouvirem palavrões declamados por nós, três mulheres que normalmente ficam num canto da sala. Mas para alguns, diga-se de passagem, a noite valeu por ver um professor sem graça diante de uma classe de alunos universitários com olhos pedintes por um recital. Claro, o professor é quem iria recitá-lo e isso deixa um certo desconforto ao mesmo.
O poema escolhido foi bem singelo e postarei aqui:
Soneto da Mocetona Pudibunda
Bocage
(Soneto localizado em um caderno onde poemas de Bocage e de Pedro José Constâncio
estavam misturados, não tendo se chegado em nenhuma conclusão definitiva sobre a
autoria do mesmo.)
Levanta Alzira os olhos pudibunda
Para ver onde a mão lhe conduzia;
Vendo que nela a porra lhe metia
Fez-se mais do que o nácar rubicunda:
Toco o pentelho seu, toco a rotunda
Lisa bimba, onde Amor seu trono erguia;
Entretanto em desejos ardia,
Brando licor o pássaro lhe inunda:
C'o dedo a greta sua lhe coçava;
Ela, maquinalmente a mão movendo,
Docemente o caralho embalava:
"mais depressa" — lhe digo então morrendo,
Enquanto ela sinais do mesmo dava;
Mística pívia assim fomos comendo.
Um comentário:
Eu tbm sou do time das quietinhas e MORRERIA de vergonha de recitar Bocage, apesar de reconhecer que ele foi genial.
Parabéns pelo trabalho e pela coragem! E caramba, só o título desse poema já arranca risos nervosos, né? *lol*
Beijo,
Ana Paula =^.^=
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