quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Você não pediu nada.

"O que é pior Alzheimer ou Parkinson? Ahhh... Parkinson, claro! Porque não há nada pior que desperdiçar a cerveja!" Essa piada gira a maioria da roda de amigos, mas ela não é engraçada. É triste, deprimente brincar, rir de algo que desconhece e não sabe a dor que infligi.
As pessoas podem viver com a doença, conviver com outras pessoas portadoras ou não, sem que isso atrapalhe o seu bem estar. Claro, que o seu bem estar depende do outro que o acompanha, do carinho e da compreensão daqueles que decidiram conviver com ele. Uma delas me acompanha de perto, mas a outra veio através de um filme que assisti a pouco tempo. Amor e outras drogas, com Anne Hathaway e Jake Gyllenhal nos papéis principais, narra de forma simples e compreensiva a vida de duas pessoas de mundo diferentes. Jamie Randall é um homem que vive para a luxúria. Sexo é seu nome e sobrenome. Bonito, inteligente e de boa lábia conquistas mulheres de uma facilidade comovente. Vem de uma família de médicos, mas desiste dessa vida para se dedicar as vendas. O mundo dos remédios se torna a sua vida a partir de um ponto. E é a partir dele que encontramos Maggie Murdok. Artista, liberal, simpática. Sua força e beleza fascinam esse homem. Esse fascínio toma um rumo que ele adora, o sexo. A maior parte da película vemos corpos nus. Bom colírio para as mulheres que irão ao cinema para encontrar um Jake Gyllenhal como veio ao mundo.
No decorrer da história descobrimos como a gigante Pfizer ficou ainda mais conhecida, sim é um filme que remete a nome de remédios, logo as suas fábricas aparecem em todo o momento - uma mensagem subliminar? Jamie Randall é o galanteador que se apaixona, da mesma forma que descreve com precisão a bula de remédios ele usa o corpo a serviço de Maggie. Há momentos engraçados, claro, como quando tenta falar a frase "eu te amo". Maggie não aceita com facilidade esse amor incondicional que o jovem rapaz diz sentir por ela. O fato é simples, a moça é portadora de Parkinson. Então um filme que falaria só de remédios de repente anuncia uma doença conhecida por todos.
Com cerca de seis milhões de pessoas portadoras em todo o mundo o Parkinson é uma doença progressiva neurológica que tem como consequências tremores, lentidão de moviementos, rigidez muscular, desiquilíbrio, alteração da fala e da escrita. Não é fatal, mas é difícil tanto para o portador quanto para quem convive com ele. Vemos isso no filme, nos momentos em que Maggie tenta cortar um papel, o pegar um copo com água. Por ser artista vemos mais mensagens descritas em seus trabalhos e no encontro de portadores que acompanha em certo momento do filme.
O filme é bonito, dramático, envolvente. Com momentos reflexivos, perguntas formam o tempo na mente como "você seria capaz de cuidar por toda a vida de um portador? Você pode achar gracioso limpar a bunda de um bebê, mas será que acharias o mesmo se tivesse que fazer a seu pai, mãe ou a pessoa a quem jurou amor eterno? Aguentaria ver a degeneração humana, a transformação do antes viril em fraco e impossibilitado? Limparia por dias, meses, a baba que cai de sua boca para que não molhe o peito?"
É triste, cruel pensar um dia sequer sobre essas possibilidades. O amor verdadeiro atura, chora, corta a alma em ver a quem ama se transformar em lagarta novamente, mas o faz, o suporta, apoia. Muitos desistem dessa tarefa por não querer apagar o que há de mais belo a saúde, a beleza, a virilidade. Não os culpo. Isso é um fardo que poucos conseguem carregar, para mim essas pessoas possuem um espírito afortunado. Os demais são peças de um jogo nulo que vão, tentam, mas falham.
Não se preocupe, todos falham, essa é a natureza humana. Não se enganar e buscar lapidar a confiança daquele a quem você ama. Se falhamos de um lado podemos ganhar em outro. A vida é repleta de opções, basta seguir seu instinto para descubrir qual rumo seguir.


Associação Brasileira de Parkinson: http://www.parkinson.org.br/explorer/index.html
Associação Brasileira de Alzheimer: http://www.abraz.com.br/


2 comentários:

Srta Sullivan disse...

Vc já assistou o filme?!

Quero muito ver também! rs

Celina Luiza disse...

Sim.
Particularmente gostei do filme, é um drama q vai evoluindo aos poucos. no geral é bom =)