quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

VULCÕES













Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal 
Não tem a lividez sinistra da montanha 
Quando a noite a inunda dum manto sem igual 
De neve branca e fria onde o luar se banha. 
No entanto que fogo, que lavas, a montanha 
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro...e que paixão tamanha 
A fria neve envolve em seu vestido ideal! 
No gelo da indiferença ocultam-se as paixões 
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões... 
Assim quando eu te falo alegre, friamente, 
Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha 
Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!

Florbela Espanca, A Mensageira das Violetas

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